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Resenha • Meu Amigo Dahmer

E se você descobrisse que aquele seu amigo estranho do colegial virou um dos mais famosos serial killers do mundo, o que faria? Derf Backderf decidiu relembrar sua adolescência nessa Graphic Novel perturbadora, para contar uma história bem diferente da que estamos acostumados sobre o canibal necrófilo Jeffrey Dahmer.

Quando a Darkside Books anunciou que lançaria HQs fiquei mega animada, pois se tem uma editora que eu confio plenamente no gosto é a Caveirinha, então já sabia que iria adorar os títulos novos. Quando vi que Meu Amigo Dahmer estava entre os três primeiros lançamentos nem consegui acreditar; na época nem sabia que o filme já estava em produção, mas já tinha ouvido falar {e muito!} nessa Graphic Novel. Fiquei esperando ansiosamente meu pacotinho chegar em casa.

Para quem não percebeu ainda, eu sou fascinada por casos de True Crime e Serial Killers. Eu passo meu horário de almoço inteiro, literalmente todos os dias, fuçando sobre o assunto no Reddit e quando não consigo dormir tento encontrar um artigo que ainda não li no blog O Aprendiz Verde, um dos meus favoritos da vida. Até cheguei a contar nesse post sobre O Segredo dos Corpos que demorei pra pegar os livros da coleção Crime Scene e que me arrependo amargamente disso, pois acabaram sendo os mais incríveis que li esse ano. Meu Amigo Dahmer mostra um outro lado desse tema, focando na história do serial killer antes de matar, e é essencial para qualquer um que se interesse pelo assunto.

Quem foi Jeffrey Dahmer?

 • { AVISO: CONTEÚDO VIOLENTO E DESCRIÇÕES GRÁFICAS } •

Jeffrey Lionel Dahmer {21 de Maio 1960 – 28 de Novembro de 1994} foi um dos mais brutais serial killers americanos. Entre 1978 e 1991, Dahmer matou 17 homens; ele dopava e violentava suas vítimas, estrangulava-os e desmembrava os corpos, preservando algumas partes e comendo outras. Ele também tentou criar “zumbis sexuais”, injetando ácido e água quente nos crânios abertos de suas vítimas ainda vivas.

Quando descoberto, as provas em seu apartamento não poderiam ter sido menos chocantes: quatro cabeças decepadas, sete crânios, dois esqueletos, dois corações e um torso, além de várias outras partes de corpos, como pênis em conserva e torsos meio dissolvidos em ácido. Também foram encontradas várias polaroids no local que mostravam as atrocidades cometidas.

Em 1992 o “Canibal de Milwaukee”, como ficou conhecido, foi condenado por 15 assassinatos e pegou 957 anos de prisão. Em 1994 Dahmer morreu após sofrer um ataque com uma barra de ferro por outro presidiário.

A história antes da história

Ler Meu Amigo Dahmer é uma experiência visceral, não importa se você acompanha casos de True Crime ou não. Quando imaginamos um serial killer pensamos logo em um monstro longe de nossa realidade; é difícil imaginar que essa pessoa tenha sido uma criança vulnerável um dia, que tenha frequentado a escola, rido de alguma gracinha que aconteceu em sala, tido amigos que nem imaginavam o que se passava em sua cabeça – e é exatamente esse retrato de Dahmer que Derf passa em cada página dessa história.

O interessante é que Derf não busca justificar os atos de Dahmer em momento algum, mas questiona se as coisas poderiam ter tomado rumos diferentes caso os “adultos” tivessem prestado atenção no que estava acontecendo. Os pais, professores e figuras de autoridade de sua vida sempre acabaram ignorando os problemas óbvios que Dahmer enfrentava, fazendo com que ele vivesse e lidasse com seus fantasmas sozinho.

Todos os fatos narrados nos quadrinhos são baseados em relatos do autor, amigos e professores, e são embasados por documentos oficiais e informações cedidas pelo próprio Dahmer em entrevistas posteriores. Além dos quadrinhos, Derf detalha cada acontecimento no final do livro, ampliando nossa visão dos acontecimentos.

Edição Caveirosa

Além da Graphic Novel revisada, essa edição com capa dura da Darkside Books tem também a versão original {e bem mais curta}, além de inúmeros sketches e fotografias originais do autor, retratando sua amizade com Dahmer e a vida deles na escola. Além disso, temos algumas páginas de rascunhos que acabaram sendo cortadas da versão final dos quadrinhos, mas que são igualmente fortes.

Uma coisa que me incomodou um pouco antes de começar a ler foi o estilo do traço de Derf, pois achei muito “simples” {e feio, cof cof}, e senti que não me faria “entrar” na história. Quando terminei, achei o estilo perfeito para a narrativa! Criei um respeito e um carinho tão grande pela história que quando fui tirar essas fotos senti novamente um peso no estômago, pois cada quadrinho é extremamente forte e impactante.

Foto acima • Para vocês verem como as Caveirinhas andam sempre juntas: retrato de Dahmer no colegial em 1977, no livro Arquivos Serial Killers de Ilana Casoy. Essa edição é fantástica e vai estar no blog em breve!

Honestamente, essa HQ foi a melhor que li esse ano. Ela é tão incrível que falo dela pra qualquer um, mesmo quem não goste do assunto. Até fiz minha irmã ler {acho que foi a primeira HQ dela}, mas é uma história que me surpreendeu tanto que não consigo deixar de lado.

Sobre O Filme

Depois disso tudo nem preciso dizer que chorei quando vi o trailer do filme, né? A semelhança de Ross Lynch com Dahmer é absurdamente impecável, e pelas poucas cenas que aparecem posso dizer que sua atuação também está muito parecida. Estou muito ansiosa por esse filme, muito muito muito ansiosa mesmo. A estréia está marcada para 03 de Novembro deste ano nos Estados Unidos, mas não tenho idéia se vai sair nos cinemas brasileiros. Assista aqui o trailer e me fale se não sente um arrepio até a espinha:

Ele foi um monstro, mas todo monstro nasce de algo; nessa obra conhecemos o início do fim de Dahmer.

E você, também se interessa pelo tema? Já conhecia essa Graphic Novel? Quer ver o filme no cinema? Já viu que eu me empolgo sobre o assunto, pode vir que vou adorar falar sobre isso.

7 Comments

  1. Lori

    10 de outubro de 2017 at 1:02 AM

    Mano, também amo saber sobre serial killers – cheguei até a fazer um curso sobre criminal profiling (sério hahah). Fiquei curiosa pra ler.

    1. Marcela Suhr Dake

      10 de outubro de 2017 at 12:10 PM

      Que legal Lori, também acho esse assunto fascinante! É legal você ler essa HQ pra conhecer esse outro lado de um serial killer, vale muito a pena.

    2. Aline

      10 de outubro de 2017 at 10:54 PM

      Eu fazia Letras e peguei uma eletiva de Medicina Forense. Só queria compartilhar HAHAHAHAH

    1. Marcela Suhr Dake

      18 de outubro de 2017 at 12:11 AM

      Tenho muito bom gosto, eu sei haha.

  2. Aline

    10 de outubro de 2017 at 10:59 PM

    Dos três quadrinhos da Darkside esse foi o que menos me interessou, primeiro porque o traço não me chamou atenção, e segundo porque sei lá, sinceramente pensei que era só oncara tentando se aproveitar do fato de ter conhecido o Dahmer pra ganhar dinheiro.

    Mas sua resenha me deixou interessada agora. Só de saber que houve bastante pesquisa dele pra escrever, além de ser um ponto de vista diferente na história dele e desses crimes.

    Suas fotos tão incríveis 🖤 e aguardo ansiosamente a resenha do Serial Killers!

    1. Marcela Suhr Dake

      18 de outubro de 2017 at 12:14 AM

      Acho que ter conhecido o Dahmer foi uma oportunidade de ouro pra ele como artista se expressar sobre o assunto. Tipo, quantas pessoas podem falar que passaram por essa experiência? E poder transformar isso em algo bom é realmente incrível pra mim. É um ponto bem diferente, você vai gostar sim, acho que vale muito a pena pra qualquer um que se interesse pelo assunto.

      Muito obrigada lindona! ♥

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