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Resenha • A Guerra Que Me Ensinou A Viver

Você lembra da Ada, a pequena heroína de A Guerra Que Salvou A Minha Vida, certo? Foi a primeira resenha da Darkside Books aqui para o blog e um tipo de leitura bem diferente do que estava acostumada. Acabei me apaixonando pela história da menininha de pé torto e confesso que fiquei receosa quando vi que a Caveirinha iria trazer para o Brasil a continuação de suas aventuras, pois sou assim mesmo: sempre acho que mexer em algo bom pode acabar estragando tudo {imagina, nem sou pessimista haha}.

Quando recebi esse livro em casa até deixei ele meio de ladinho por puro medo e acabei lendo Rastro de Sangue na frente, mas quando comecei a leitura, tive uma agradável surpresa. Kimberly Brubaker Bradley descreve a Segunda Guerra Mundial pelos olhos de uma criança e o faz com uma delicadeza sem igual.

Resenha

Após uma infância de maus-tratos, Ada finalmente recebe o cuidado que merece ao ter seu pé operado. Enquanto tenta se ajustar à sua nova realidade e superar os traumas do passado, ela se muda com Jamie, lady Thorton e Susan – agora sua guardiã legal – para um chalé em busca de um recomeço.

Com a guerra se intensificando lá fora, as adversidades batem à porta: o racionamento de alimentos é uma preocupante realidade, e os sacrifícios que todos devem fazer em nome do confronto partem corações e deixam cicatrizes. Outra questão é a chegada de Ruth, uma garota judia e alemã, que gera uma comoção no chalé. Seria ela uma espiã disfarçada? Ou uma aliada em meio à calamidade?

Cicatrizes e Sacrifícios

Particularmente, eu fiquei muito mais apaixonada por esse livro do que pelo primeiro. Quem diria, não? Enquanto A Guerra Que Salvou A Minha Vida foca nos conflitos internos de Ada, A Guerra Que Me Ensinou A Viver mostra ela se adaptando em sua nova vida, muito mais confiante e aberta à tudo. No segundo livro também conhecemos mais profundamente os outros personagens; vemos como todas as pessoas, independente de classe social, acabam se transformando e se unindo durante esse período.

Uma das coisas que mais gostei foi o cuidado da autora para descrever o cotidiano da população em meio à guerra. Imaginar que as pessoas passaram anos vivendo daquele jeito é algo surreal para mim: abaixar os blecautes das janelas para evitar bombardeios à vila; a escassez de alimentos e a alegria de ter algo diferente para comer quando alguém trazia uma fruta “escondida”; a relação constante de medo e desconfiança com os estrangeiros; o sacrifício coletivo para que a guerra não seja em vão.

O racionamento de alimentos durante a guerra foi uma coisa que sempre me marcou, pois quando criança minha mãe me contava como minha avó tinha de ficar nas filas por horas para conseguir a “cota” de alimentos básicos da semana. Ver isso descrito tão detalhadamente – e ampliado pelo contraste de olhares tão distantes, como o de Ada {que sempre teve uma vida miserável} e de Lady Thorton {que vivia uma vida abastada e por isso teve uma dificuldade muito maior para se adaptar à nova realidade} – é realmente emocionante.

Não Queremos Alemães Aqui

Nesse livro também somos apresentados à uma nova personagem, uma alemã chamada Ruth. A diferença dela para os outros alemães, como Ada viria a descobrir, é que Ruth é judia.

“Eu odeio o Hitler tanto quanto vocês”, disse ela. Tinha um sotaque forte, mas eu conseguia entender. “Provavelmente mais. Vocês ouviram o sr. Thorton dizer que sou judia?”
Eu dei de ombros. Não fazia idéia do que aquilo significava. “O nome dele é lorde Thorton. E isso não é da minha conta.”
“Não é, só que você deve conhecer a posição do Hitler em relação aos judeus.”
Eu só conhecia a posição dos alemães em relação aos ingleses. Eles nos bombardearam. “Não é da minha conta”, repeti.

O relacionamento entre Ruth e Ada vai se fortalecendo com o passar do tempo, mas ainda assim sofre muito por causa do preconceito. É impossível não criar paralelos com a situação de Ruth e atuais refugiados ao redor do mundo todo, que sofrem sem pátria, em busca de empatia, acolhimento e direitos. A Darkside Books tem dois lançamentos para quem os leitores que se emocionam com o assunto: Refugiados: A Última Fronteira e O Diário de Myriam.

Uma Última Lição

Esse livro cheio de Darklove da Caveirinha veio embalado em um saquinho de pano xadrez vermelho e com um cavalo de madeira que é a coisa mais fofa do mundo. Agora eu tenho minha própria versão do Manteiga!

Agradeço muito à Darkside Books por ter me enviado esses dois livros, pois sei que eu não teria escolhido se os tivesse visto enquanto andava na livraria – esse preconceito bobo teria me tirado uma leitura deliciosa e que deixou meu coração quentinho {e arrancou algumas lágrimas, confesso}. Fiz até minha mãe ler os dois livros – e é claro que ela adorou!

Você já conhecia a Ada? Ficou com vontade de conhecer essa heroína? Me conte nos comentários o que achou desse livro!

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4 Comments

  1. Rômulo de Souza Mancin

    15 de agosto de 2018 at 1:24 PM

    Engraçado que mesmo sem ter lido o primeiro, também tinha essa impressão de que uma sequência seria estranha. Que bom que funcionou. [Silvio Santos mode] Não li mas a minha noiva leu e achou muito bom. [/silvio] ^-^

    1. Marcela Suhr Dake

      15 de agosto de 2018 at 9:12 PM

      Haha você lê tudo o que eu leio por tabela né, já que eu vou narrando tudo o que acontece pra você. Lembro quando comentei exatamente isso sobre esse livro com você e a felicidade de estar errada depois! Obrigada por me ouvir sempre. ♥

  2. celle coelho

    15 de agosto de 2018 at 6:56 PM

    eu to MORTA com esse cavalinho que mandaram junto hahah que coisa mais fofa <3 eu não tive interesse em ler esses livros também, mas suas resenhas sempre me fazem ter vontade de conhecer.

    beijo!

    1. Marcela Suhr Dake

      15 de agosto de 2018 at 9:13 PM

      Uma gracinha né? Eu coloquei de enfeita na estante pq é simplesmente muito fofo!
      Ah que bom, você sempre me influencia pra coisas boas, espero te influenciar também haha.
      Beijo! ♥

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