O Figurino De “The Shining” • Uma Análise Sobre Cores
OBS: Esse texto é uma continuação de uma postagem que fiz anteriormente sobre “The Shining” do Kubrick.
Não faz muito tempo me coloquei a assistir algumas vezes The Shining, pois estava entusiasmada com a idéia de criar uma série de maquiagens inspirada no filme. Quem me segue no Instagram sabe como eu me empolgo ao criar essas séries, elas são um xodózinho mesmo, já que sempre escolho temas que moram no meu coração.
Pois bem, como eu vi e revi o filme aproximadamente um milhão de vezes em uma semana, acabei tendo algumas teorias sobre o figurino da Família Torrance, que até então havia passado meio batido para mim. Seria esse post o resultado de uma lavagem cerebral feita pelo Hotel Overlook? Isso eu nunca saberei, mas vou deixar minha análise aqui para você ver o que acha.
Antes de tudo já queria deixar bem claro que não sou crítica de cinema nem estudei sobre o assunto, sou apenas uma entusiasta que é apaixonada pela sétima arte desde que se conhece por gente. Porém, como tenho uma graduação em Desenho de Moda, isso me ajudou (e muito!) a embasar o que direi a seguir.
The Shining: Um Resumo
Me parece impossível falar do filme The Shining sem mencionar a origem desse mythos, então aqui estão algumas informações que vão te ajudar a te situar no post:
- The Shining; 1977; Stephen King: Livro escrito por King, altamente inspirado por experiências pessoais (reabilitação do alcoolismo, Hotel Stanley). É a obra que deu origem ao Hotel Overlook e todo seu universo.
- The Shining; 1980; Stanley Kubrick: Primeira adaptação do livro, feita por Kubrick para o cinema. Diferente do livro, causou a ira de King, que odiou essa versão.
- The Shining; 1997; Mick Garris: Segunda adaptação do livro, dessa vez como série de TV, e a chance de King de ter tudo do seu jeito. Ele escreveu o roteiro.
- Room 237; 2012; Rodney Aschner (em Português: O Labirinto de Kubrick): Documentário sobre O Iluminado de Kubrick. Mostra diversas teorias e explora pistas escondidas deixadas pelo diretor no longa. Vou mencionar algumas teorias presentes nesse doc o aqui no post.
O Figurino de The Shining
Como começar uma análise sobre o figurino de um filme sem antes homenagear quem o produziu?
Toda essa área foi comandada pela brilhante Milena Canonero, que iniciou sua carreira cinematográfica justamente com o Kubrick. Você deve conhecer os três filmes dele nos quais ela trabalhou: A Clockwork Orange (1971), Barry Lyndon (1975) e The Shining (1980).
Como se não bastassem esses filmes gigantescos em seu portifólio, Canonero também foi responsável pela produção dos figurinos de obras como: The Godfather: Part III (1990) de Francis Ford Coppola; Marie Antoinette (2006) de Sofia Coppola; e as obras de Wes Anderson The Life Aquatic with Steve Zissou (2004), The Darjeeling Limited (2007) e The Grand Budapest Hotel (2014).
Você entende o quão incrível é o trabalho dessa mulher? Primeiro, essa lista nem se parece um portifólio e sim uma lista de clássicos do cinema. Segundo: eu não tinha idéia de que a figurinista de A Clockwork Orange e Marie Antoinette eram a mesma pessoa! E também de The Grand Budapest Hotel! Adoro como essas obras tão diferentes possuem uma mesma pessoa nos bastidores, isso sim que é versatilidade.
Vocês não amam gente talentosa? Eu me deleito quando descubro alguém pra me inspirar, parece que existe um mundo novo de beleza se abrindo perante meus olhos. É tão difícil me sentir assim ultimamente que sempre que sinto isso eu fico agradecida. Obrigada Canonero por ser genial!
PS: Esse é um lembrete pra você que respira arte (um lembrete para mim também) – nunca se canse de buscar referências. Elas é que vão te trazer um pouco de conforto e alegria no dias em que você precisar.
Como O Figurino Conta Uma História
Lembre-se: nada em um filme é real. Você olha para a cena em que Duval e Lloyd aparecem tomando café da manhã enquanto assistem televisão, e parece um dia normal de uma família normal em uma casa normal, mas não é. É um filme.
Eu sei que é meio bobo falar assim, mas às vezes nem percebemos que cada objeto foi colocado ali por uma razão. Cada canto daquela cozinha foi montado e (des)organizado milimetricamente de propósito, a fim de ajudar na trama. É por isso que digo que não existem acasos – pelo menos no cinema.
Na tela você não conta uma história apenas com palavras. Luzes, música, cores, sombras, sons ou até mesmo o silêncio ajudam a dar força à narrativa e influenciar os sentidos, mesmo que o espectador não faça idéia disso.
Esse post é na verdade um relato de como fui cativada pelo figurino. Eu já tinha assistido a The Shining pelo menos algumas dezenas de vezes ao longo dos anos mas, confesso, as roupas nunca me chamaram a atenção. Não são o tipo de peças que causam comoção: são roupas casuais, exatamente do tipo que uma família americana de classe média usaria num inverno rigoroso. Não são chamativas e também passam longe de ser o foco da produção.
Na realidade, só reparei nelas depois de tanto ir e voltar o filme, revendo as cenas para compor minhas maquiagens. Nessa brincadeira acabei vendo ele todinho passando nas miniaturas de prévia e, pasmem, foi só aí que enxerguei o figurino como protagonista!
As cores, que até então me passavam despercebidas, de repente me saltaram aos olhos. Achei que estava louca, mas fui do início ao fim novamente e estava tudo lá, de verdade! Achei essa teoria tão interessante que quis trazer num post aqui pro blog, pois só assim conseguiria explicar tudo minunciosamente como gostaria.
Já adianto para que preste atenção nas cores azul, vermelho e verde. Elas serão utilizadas ad nauseam, porém variando intensidade, brilho e saturação, sempre de acordo com o momento em que aparecem no filme. E outra coisa: a qualidade da sua tela faz toda a diferença para observar os detalhes! Muita coisa só percebi quando assisti em Blu-Ray, então até mesmo as imagens desse post podem parecer iguais se vistas pelo celular, mas completamente diferentes quando olhadas na tela do computador.
A Familia Torrance
A Família Torrance é composta por três elementos: o pai Jack Torrance (Jack Nicholson), a mãe Winifred “Wendy” Torrance (Shelley Duvall) e o filho Daniel “Danny” Torrance (Danny Lloyd).
Danny, como logo somos introduzidos, é um “iluminado“, ou seja, ele tem poderes psíquicos e consegue ter presságios do passado e do futuro. Quando a família Torrance se muda para o Hotel Overlook, um hotel isolado em pleno inverno, um amigo logo avisa Danny de que o hotel possui uma força devastadora e que ele precisa ter cuidado. Com o isolamento causado pela neve, Jack começa a sucumbir à loucura e às forças sobrenaturais do Overlook, colocando a vida de sua família em risco.
Nesse post você verá como o enredo teve ajuda do figurino e das cores para desenvolver a história da Família Torrance.
Emboscada
Logo no início do filme somos apresentados ao patriarca da família, Jack Torrance, em sua fatídica entrevista de emprego. Seu terno é cinza, assim como sua camisa; a estampa quadriculada dá a sensação de que ele está preso. O único toque de de cor em suas roupas é dado pela gravata verde escuro.
Agora observe novamente sua gravata – veja se ela não é igualzinha ao Labirinto Overlook visto de cima. É como se o destino de Jack já estivesse selado antes mesmo da entrevista começar.
O Overlook já tinha decidido que queria essa família antes mesmo deles chegarem. E eles entraram no Hotel como ratinhos de laboratório em um labirinto.
Armadilhas
Nesse meio tempo, Wendy e Danny aguardam no apartamento a resposta da entrevista. Repare que os dois usam as mesmas cores: azul e vermelho. Isso mostra que eles tem uma conexão, mesmo que no momento eles não estejam concordando sobre a ida ao Overlook.
Em seguida Danny tem um presságio de que o pai passou na entrevista de emprego; o vermelho que os dois usam nessa cena representa também o perigo dessa mudança.
Outra coisa que estará presente praticamente no figurino todo é o xadrez ou o quadriculado. Essas estampas que sugerem grades podem simbolizar a sensação de confinamento causada pelo Overlook.
Por exemplo, veja a foto acima. Além da roupa xadrez que Wendy usa, temos também a toalha de mesa e o cesto de roupas: parece que mãe e filho estão literalmente cercados! É como se eles não tivessem escolha senão sucumbir à vontade de Jack (e do Hotel).
Rocky Mountains
Wendy está decidida a ficar ao lado de Jack e está disposta a fazer essa mudança dar certo; ela assegura o filho, enquanto a família marcha rumo ao Hotel Overlook sem olhar para trás.
Tanto Wendy quanto Jack vestem marrom, uma cor que indica segurança e conforto. Essa será a única vez que eles usarão roupas com cores combinando, o que demonstra uma ligação entre o casal nesse momento.
Perceba que o único que está usando um traje com um padrão (um pied-de poule bem pequeno que lembra uma cerca) é Jack. Não é a toa que temos a sensação de que ele já está “confinado” às ordens do Hotel.
Danny é quem está deslocado aqui. Com seus trajes azuis, uma cor que representa serenidade, ele ouve a história de canibalismo de seu pai, e é inevitável imaginar se ele já não sabe que está sendo levado como sacrifício ao topo da montanha.
A Dominação Verde
A Família Torrance já tem o Hotel todo para si. Quando Wendy leva o café da manhã para Jack o casal parece estar em harmonia; ambos usam roupas em tons pastéis, que não são comuns no filme.
A escolha de cores claras traz suavidade à composição – repare que todo o apartamento casal também é mobiliado nesses tons. As paredes cor de rosa fazem o pequeno apartamento parecer uma casa de bonecas dentro do Hotel – o pequeno refúgio de Wendy.
Mas não se deixe enganar – é a primeira cena em que Jack começa a usar verde. Ainda é um verde bem claro, pouco saturado, quase imperceptível, mas já está lá. O Hotel Overlook já começou a dominá-lo.
Sem conseguir escrever, Jack observa o labirinto. Suas roupas não tem muita saturação: seu casaco é marrom, sua camisa parece um azul desbotado. O labirinto parece deixá-lo obcecado – ou estaria ele deslumbrado pela cor verde?
Presas Fáceis
Do lado de fora, Wendy e Danny caminham pelo Labirinto Overlook. Novamente há uma ligação entre os dois, determinada pelo xadrez e roupas vermelhas. Como sabemos, o vermelho é uma cor geralmente associada ao perigo. Se essa cor estiver combinada com o xadrez, nesse caso então a ameaça se mostra mais fatal ainda.
Com essas roupas, Wendy e Danny parecem alvos ambulantes no meio do Labirinto, prestes a serem devorados pelas paredes de hera. Lembra dos ratinhos de laboratório? Enquanto Jack observa a maquete e os dois andam pelos corredores, esse simbolismo fica muito mais claro.
Repare também como a cor verde domina a cena, parecendo engolir as personagens. Nessa hora temos certeza quem o Hotel deseja ter como vítima.
Pouco depois, Danny dirige seu triciclo e vasculha os corredores do Overlook. É então que ele tem seu primeiro contato com o Quarto 237.
Não é a toa que ao encontrar o quarto proibido a cor predominante de sua roupa seja vermelha. Ele já havia sido avisado para nunca entrar lá, e sabia das ameaças que se escondiam no local.
O Escurecimento do Verde
Conforme os dias passam, o Hotel Overlook vai se tornando cada vez mais parte de Jack. O verde também passa a tomar conta de suas roupas e vai se modificando gradualmente até ficar mais escuro e intenso.
É nítida também a modificação do Jack da cena anterior para a atual: não é apenas o verde de sua blusa que alterou-se, mas sua expressão e personalidade já estão completamente diferentes de sua mudança no início do inverno. Este é um sinal de que o Hotel Overlook tem o escritor quase totalmente em suas mãos.
Como exemplo olhe o quadro acima: por muito tempo eu tive certeza de que essa blusa era preta. Foi só quando assisti em maior qualidade que percebi que era um verde MUITO escuro, muito escuro mesmo.
Alerta: Nevascas
Eu simplesmente amo o casaco amarelo de Wendy, pois ele traz consigo duas informações importantes de uma só vez. Primeiro, ele é amarelo. Segundo, ele é decorado com símbolos indígenas.
O amarelo funciona como um alerta: é uma cor que exige atenção para o que está acontecendo ao redor. Nessa parte do filme, ele funciona como um aviso de que as coisas vão mudar radicalmente, e essa pode ser a última chance de escape. É aqui que Wendy descobre que as linhas telefônicas caíram devido às fortes nevascas e a família está mais isolada que nunca.
Além disso o casaco é inteiro decorado com motivos indígenas, e caso você não tenha reparado, o Overlook também está cheio deles. Uma das teorias é que “The Shining” foi uma crítica ao colonialismo americano que dizimou milhares de nativos.
Mais pistas sobre essa teoria seriam as latas de fermento com a marca “Calumet” (cachimbo da paz) e o Hotel Overlook ter sido construído em cima de um cemitério indígena, o que explicaria aquela cena do sangue jorrando pelas paredes. Se quiser conhecer mais sobre essa teoria, veja o documentário Room 237!
Buraco Negro
O momento em que Jack conversa com seu filho no apartamento do zelador é um dos mais assustadores de todos. Se até então Jack parecia estar estar sendo possuído lentamente pelo Hotel, aqui ele já aparenta estar completamente transformado.
Suas roupas já não são mais verdes: agora elas parecem cinza, são escuras e quase não saturadas. Ele parece um vulto em meio ao quarto cor de rosa e amarelo claro, pronto para devorar o menino.
Danny por sua vez está com medo e sua camisa xadrez vermelha mostra o tamanho do perigo em que ele se encontra: é como se o Overlook estivesse com as mãos em torno de seu pescoço, incapaz de se conter. Seria essa cena um presságio do ataque à Danny?
O suéter azul de Danny ilustrado com um desenho do Mickey Mouse mostra claramente quem é a presa e quem é o caçador aqui. A metáfora dos ratos presos no labirinto merece ser lembrada novamente.
Apollo 11 e o Homem na Lua
O que Stanley Kubrick e a NASA tem em comum? Tudo!
Bem, isso se você acreditar na teoria de que o Stanley Kubrick tenha produzido para a NASA a filmagem de Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisando pela primeira vez em solo lunar.
Diz a lenda que Kubrick teria feito esse trabalhinho para a NASA e deixado pistas por todo “O Iluminado” de que a ida à Lua teria sido uma farsa. Uma dessas pistas, é claro, foi o suéter do Apollo 11 de Danny.
Outras pistas seriam o carpete dos corredores do Hotel (que parecem foguetes), o número 237 (supostamente o número de milhas da Terra até a Lua) e até o jeito que o chaveiro do Quarto 237 parece mostrar ‘moon’ ao invés de ‘room’. Se você não conhecia essa teoria, eis mais uma razão para assistir ao documentário Room 237.
O Império Vermelho
A cena em que Jack tem um pesadelo é a primeira em que ele utiliza a cor vermelha. Nós já falamos sobre essa cor anteriormente, mas vou deixar a palavra chave dessa cor de novo: perigo.
Segundos depois descobrimos que Danny sofreu um ataque. Parece que a ameaça que sondava Danny finalmente se concretizou, e a jaqueta vermelha que Jack usa a partir de agora fará parte de seu vestuário até o final do longa.
Jack se encontra cada vez mais descontrolado. Sob as luzes do Golden Room, o vermelho de sua jaqueta fica ainda mais forte.
Danny sabe que algo de ruim vai acontecer e chama por ajuda. Não é a toa que aqui o vermelho aparece em destaque mesmo no escuro, pois a ameaça está cada vez mais próxima do garoto.
A Soberania Vermelha
Conforme assistimos Jack perdendo a razão ao longo da trama, vemos também o crescente desespero de Wendy. As roupas marrons usadas pela personagem representam um pedido de conforto e segurança por parte da personagem, que se sente cada vez mais isolada.
À medida que seu marido ganha forças, Wendy vai se apagando; veja nessa cena em que o casal briga como a esposa parece totalmente subjugada. O suéter bege se mescla com o quarto e desaparece perante a jaqueta vermelha e a fúria de Jack.
E como estamos falando de vermelho, não tem como deixar a icônica cena do Banheiro Vermelho de lado, já que é quando o Hotel Overlook, através de Grady, explica a Jack como proceder em relação a sua família.
Esta é uma das cenas cruciais do filme e não é a toa que ocorra justamente nesse cenário. O vermelho aparece mais brilhante e saturado do que nunca; é como que se as ordens do Hotel ecoassem também pelas paredes. Chegou a hora.
Enclausurados
Nessa parte do filme, Jack já iniciou seu ataque e Wendy teve de trancá-lo na despensa para proteger sua família. Danny sabe o perigo que ele e sua mãe correm, e está atento a tudo que se passa enquanto aguarda a chegada de salvação.
Wendy, por sua vez, demonstra estar mais perdida do que nunca; ela tenta proteger Danny, mas não tem idéia de como. Aqui sua jardineira marrom passa a idéia de segurança e proteção, enquanto a camisa xadrez, mostra o quão aprisionada pela situação ela realmente se encontra.
O casaco marrom que Danny usa por cima de sua roupa é uma representação perfeita dessa tentativa frustrada de proteção por parte de sua mãe. Perceba que mesmo que ela tente protege-lo com o casaco, a cor vermelha ainda aparece – e cada vez mais forte.
Ebulição
Ao longo do filme, várias vezes Danny questiona o significado de REDRUM, e nessa cena seu significado é revelado: assassinato. Essa é a razão do suéter vermelho escuro com linhas verdes e camisa xadrez: ele está mais vulnerável que nunca.
Mais do que isso: parece que o Hotel finalmente está começando a possuí-lo! Afinal de contas, Danny nunca tinha usado nada verde até o momento.
Wendy, vestindo um roupão azul, acorda e o embala em seus braços, para tranquilizá-lo. Enquanto isso, Jack está na porta com um machado para matar os dois.
Mãe e filho se protegem no banheiro. Apesar de seu desespero crescente, é como se Wendy utilizasse o roupão azul como proteção, e consegue juntar forças o suficiente para socorrer Danny e ir atrás de Jack. Parece que a cor azul dá coragem para que ela enfrente seu medo.
Enquanto isso, Jack muda o foco e vai atrás de seu filho. Perceba como ele se mistura com o Hotel: não existe mais diferença entre eles. É agora também que o Overlook aparenta ter mais força, tanto que Wendy consegue ver alguns de seus hospedes mais célebres.
Pelos corredores, Jack tem mais autonomia do que todos. Afinal, ele é o Hotel agora. O vermelho é o verdadeiro comandante dentro dessas paredes.
O Reinado Azul
Quando Jack percebe que seu filho correu para fora do Hotel é que as coisas começam a mudar. Ao acender a luz exterior e ir em direção à neve, Jack não percebe sua desvantagem, afinal, azul é a cor de Danny desde o início – a cor está presente em praticamente todo seu figurino.
Ao fugir para a parte exterior, é como se Danny fosse camuflado pela cor azul e ele automaticamente passa a ter domínio da situação. O azul parece ajudá-lo e ir guiando seus passos, mesmo em meio ao traiçoeiro labirinto.
Não se esqueça da definição de cor: luz refletida e absorvida. Graças a neve, é como se tanto o Labirinto Overlook quanto as outras cores tivessem sido neutralizadas, e a cor dominante da cena passa a ser o azul.
Jack nem cogitou que isso pudesse acontecer. Quando o vemos na parte exterior do Hotel, o vermelho de suas roupas foi praticamente escondido pelo reflexo da neve, e é justamente aí que ele começa a perder sua força.
O fim de Jack já estava definido a partir do momento em que ele colocou os pés para fora do Hotel. Ele nunca seria capaz de vencer a imensidão do azul, já que esse não era seu território.
Danny e Wendy conseguem escapar e fogem do Hotel em meio à uma tempestade de neve.
No frame em que Jack aparece congelado é bem claro qual a cor vencedora. A neve se estende pela cena, deixando um tom de azul claro por toda a tela. Tanto o verde quanto vermelho aparecem dominados (cobertos) e o próprio Jack Torrance se tornou azul – e assim permanecerá para sempre.
Conclusão
Esse é um assunto que acho interessantíssimo, por isso quis deixar esse post bem explicadinho. O que você achou dessa análise? Você imaginava que o figurino poderia trazer tantas informações assim?
Você já conhecia algumas dessas teorias sobre O iluminado? Já deu pra perceber que eu adoro especular, então fique livre para mandar qualquer mensagem sobre essa ou outras teorias que você tenha, pode ter certeza que vou amar trocar idéias sobre o assunto!
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